Em Portugal, a mais de 1500 metros de altitude, há uma lagoa cujas águas se precipitam num gigantesco funil, desaparecendo misteriosamente. Esse funil, conhecido como Covão dos Conchos, na realidade é um túnel construído nos anos 50 com o objetivo de encaminhar as águas recolhidas da Ribeira das Naves para a Lagoa Comprida, o maior reservatório da Serra da Estrela, onde é feito aproveitamento hidroelétrico.

Gostaria de ver o Covão dos Conchos com os seus próprios olhos? Neste artigo, explicamos-lhe tudo o que precisa de saber para o conhecer.

Onde fica o Covão dos Conchos?

O Covão dos Conchos fica na Serra da Estrela, perto da Lagoa Comprida (google maps).

A pé pelo Trilho do Covão dos Conchos
A pé pelo trilho do Covão dos Conchos

Como ir ao Covão dos Conchos?

A única forma de chegar ao Covão dos Conchos é a pé, através do trilho que lhe apresentamos de seguida.

Trilho do Covão dos Conchos

  • Extensão: 10 km (ida e volta);
  • Tempo médio: 2h30 (ida e volta);
  • Trilho linear e não sinalizado;
  • Início: Lagoa Comprida. Uma vez no parque de estacionamento da Lagoa Comprida, se estiver de frente para as lojas de produtos regionais, deve seguir pela esquerda das mesmas, onde há um caminho de terra batida (google maps);
  • Fim: Lagoa Comprida;
  • Nível de dificuldade: fácil;
  • Melhor altura para ir : qualquer altura do ano, de preferência no inverno e na primavera.
Poça de gelo no caminho

A nossa experiência no Trilho do Covão dos Conchos

Iniciamos a nossa caminhada junto à Lagoa Comprida, a maior da Serra da Estrela. O céu está límpido e o sol brilha. O termómetro do carro marca, porém, 5ºC. Ou seja, está um frio de rachar, diabolizado por um vento gélido. Só deixo destapada a zona dos olhos e aí vamos nós.

O percurso acompanha o lado esquerdo da Lagoa Comprida que, nesta altura do ano, está invulgarmente cheia, com ondinhas empurradas pela ventania.

Lagoa Comprida, Serra da Estrela
Lagoa Comprida, a maior Serra da Estrela

Seguimos sempre por um caminho de terra batida, com algumas zonas de pedras soltas. A vegetação é rasteira e vêem-se grandes fragas graníticas, algumas em equilíbrio precário, cobertas por líquenes quase-fluorescentes que as tornam ainda mais bonitas.

A maioria do trajeto é plano, havendo algumas subidas pouco acentuadas, o suficiente para deixarmos de sentir frio.

Depois da Lagoa Comprida, descobrimos um lago parcialmente gelado, onde aproveitámos para tirar fotografias e descansar.

Lago a caminho do Covão dos Conchos
Lago a caminho do Covão dos Conchos

Continuando a andar, chegamos à Lagoa do Covão dos Conchos que, à primeira vista, parece uma lagoa comum mas, na realidade, é uma pequena represa onde as águas da Ribeira das Naves são recolhidas e desviadas para a Barragem da Lagoa Comprida através de um túnel com 1519 metros de comprimento.

É a entrada desse túnel, um buraco que parece sugar a água da lagoa, que constitui o Covão dos Conchos e que mais impressiona quem o descobre, ao contornar a lagoa.

O Covão dos Conchos
Covão dos Conchos

Além do covão em si, as coisas de que mais gostámos ao longo deste passeio, e que só são possíveis no inverno, foram: encontrar poças que pareciam de vidro; admirar os desenhos criados pela solidificação; ver fios de água a passar por baixo dessas placas geladas; quebrá-las e ouvir o som cristalino que fazem e, já no regresso, percorrer uma parte do trilho que se transformou num ribeiro, escutando o barulho calmante da água a correr sobre as pedras soltas.

O único inconveniente de fazer a caminhada no inverno será o frio mas, no final, já com o gorro na mão e o casaco desapertado, é engraçado chegar ao parque de estacionamento da Lagoa Comprida e olhar para as pessoas junto aos carros, extremamente agasalhadas e a tremer.

Lago congelado a caminho do Covão dos Conchos
Lago congelado a caminho do Covão dos Conchos

Mapa do Trilho do Covão dos Conchos

Primeira imagem: mapa do Trilho do Covão dos Conchos (a verde: Lagoa Comprida, o ponto de partida; a vermelho: o covão). Segunda imagem: altimetria do percurso

O que levar para a caminhada

  • Mochila leve e confortável;
  • Roupa e calçado adequados para caminhadas;
  • Casaco impermeável em épocas de chuvas (verificar sempre a meteorologia);
  • Água e alguma comida energética (ex: barritas de cereais e bananas);
  • Um saquinho para pôr o lixo;
  • Telemóvel para ter ajuda do GPS (não esquecer igualmente de descarregar antecipadamente um mapa offline, muito importante para sítios com muito pouca ou nenhuma rede. Nós usamos o Maps.me, uma aplicação gratuita para esse efeito);
  • Protetor solar, chapéu e óculos de sol (se for caso disso);
  • Bastões de caminhada (apesar de não serem necessários neste trilho, ajudam a estabelecer um bom ritmo e a exercitar todo o corpo, incluindo braços e ombros).

No inverno

  • Usar roupa adequada para o frio. O ideal é vestir três camadas: roupa interior térmica, depois um polar e, por cima de tudo, um casaco quente impermeável;
  • Luvas, gorro e cachecol também são fundamentais;
  • Levar calçado de caminhada impermeável. Já agora, evite pisar o gelo, já que é muito escorregadio.
Sofia a descansar junto ao Covão dos Conchos

Onde ficar alojado

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Outras caminhadas na Serra da Estrela

Está visto que gostamos muito de fazer caminhadas. Que outros trilhos nos recomendam na Serra da Estrela?

31 Comentários

  1. Parecer-me muito interessante. Este percurso está sinalizado?

  2. Olá Célia, penso que não, mas não há que enganar: é só seguir a estrada de terra batida.

    • Cara Sofia, gostei muito das suas dicas para ir ver o Covao dos Cochos. No entanto se indica que o caminho é fácil, eu que acabei de o fazer, informo que pode ser tudo menos fácil. Acho que se deve informar as pessoas que este caminho não é fácil, eu diria médio com muitas subidas e descidas, com muitas pedras soltas durante todo o caminho. Claro que é um percurso que vale a pena quando se vê esta maravilha, mas não podemos dizer que é fácil. Posso também dizer que ele apenas se vê se formos pela parede de barragem, e subir umas pedras até chegar perto de uma placa de aviso que se pode ver ao longe.

  3. A rota do carvão. Percurso circular com saída e chegada a Manteigas.

  4. Aqui fica outro bem interessante, mas muito mais doloroso, não só pela distância, mas também pelas subidas e descidas acumuladas…
    http://pt.wikiloc.com/wikiloc/spatialArtifacts.do?event=setCurrentSpatialArtifact&id=10469133

  5. Este também é excelente, Seia/ Lagoa Comprida/ Torre, de preferência em dois dias, primeiro Seia/Lagoa Comprida e segundo Lagoa Comprida/Torre. Grau de dificuldade MUITO ELEVADO…

  6. Ola, é possivel chegar até a Barragem do Covão de gipe ou somente a pé? cumps

  7. Depende do Jipe, mas diria que qualquer 4×4 consegue fazer o percurso. Porém, na nossa opinião, deva ser feito a pé. Neste caso, como em muitos outros, é tão importante a viagem como o destino.

  8. Acrescento ainda que, segundo o Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra da Estrela, esta área está inserida na Área de Protecção Parcial Tipo I, ou seja, interdita a qualquer actividade motorizada, com excepção de actividades ligadas a veículos de emergência e vigilância. Quer o SEPNA da GNR, quer as brigadas de montanha da GNR podem autuar.

  9. Oi Paulo, tudo bem? Estou em Faro-Algarve e gostaria muito de conhecer esse lugar, como faço, a quem procuro, vc pode me ajudar? Obrigada

  10. Olá Jacqueline, não temos conhecimento de empresas que promovam este passeio. Mas se procurar as empresas de animação e aventura da região, certamente que encontra algo.

  11. Olá, tudo bem? Por favor, que câmera é essa? As fotos ficaram incríveis! Mérito ao fotógrafo tb, claro. Mas a máquina é perfeita.

  12. Obrigado Gui. A câmara que uso atualmente é uma Sony A7.

  13. Wonderful post! Can I lend theese photos for my Swedish travel blog matochresebloggen dot se? With credit for you of course!

  14. Hello Christian, you can use the photos as long as you link us back. If you do, please rename the file names.

  15. Hello, i will visit Covão dos Conchos, Serra da Estrela, next week, is it a free area or i need a special permit for the access?
    Thanks for your help!!!

  16. Hello Bella, it is free to visit. The only requirement is to respect the nature 🙂 Enjoy your trip.

  17. Graças ao vosso post pude visitar o local e adorei! Fiz um pequeno roteiro no meu blog deixando-vos os devidos créditos, espero que tenham a oportunidade de ver. Obrigado e boas viagens!

    Dalila, The Lost Louboutin Blog |

  18. Olá Dalila, fui espreitar e gostei de ler e recordar. Continuação de boas viagens!

  19. Dá para ir com bebê? Temos um miudo de 2 anos.. Com carrinho claro!

  20. Não me parece nada boa ideia. O trilho é de cascalho, não estou a ver um carrinho de bebé a rolar livremente.

  21. Boas. Desde já parabéns pelo post. Dá para fazer o trajeto de bicicleta?

  22. Olá André, não sabemos se é permitido. Mesmo que seja, é preciso ter muita experiência em BTT, já que o terreno tem imensa pedra solta.

  23. Queriamos ir em setembro. Também é boa ideia?

  24. Recomandam fazer a caominhade no inverno? Por que? Podia-se fazer nas outras estacões também?

  25. Nós fomos no inverno e gostamos muito, pelas razões que apontámos no texto. Seja como for, a caminhada pode ser feita em qualquer estação e cada uma terá os seus encantos. A evitar mesmo, só os dias de temporal ou de muito calor.

  26. Ja tive a oportunidade de visitar algumas vezes, tanto de verao como de inverno. E os encantos que a natureza nos traz sao magnificos. Em qualquer altura do ano se pode desfrutar de uma belo passeio e uma magnifica paisagem. De inverno temos os pequenos riachos que passam pelo caminho. Dando uma vista magnifica. Ja de verao temos algumas aves que por ali param e tambem algumas plantas tipicas daquelas zonas que nao encontrarão em mais lugar nenhum sem ser na serra de estrela

  27. Olá! Fotografias fantásticas como sempre! Já há algum tempo que este passeio está na minha lista. De que marca são as botas da Sofia?

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